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Apesar de boa reserva hídrica, região sofre com pouca oferta


Russas. O Ceará conta atualmente com 10,9% de toda a sua capacidade de acumular água nos 153 açudes monitorados pelo Estado. Do total disponível, pouco mais de 61% dessa água se encontra nas bacias hidrográficas das regiões do Alto e Médio Jaguaribe, onde se detém um significativo dessa reserva nos açudes Orós e o Castanhão. Entretanto, nessa região denominada vale irrigado, municípios sofrem com as dificuldades de acesso a água para abastecimento humano.


O vale irrigado esta identificado na bacia jaguaribana, que é composta pelas sub-bacias do Alto, Médio e Baixo Jaguaribe e é responsável pela perenização do rio Jaguaribe. Os municípios que são beneficiados com a perenização do açude Orós (Alto Jaguaribe) são: Orós, Icó, Jaguaribe e Jaguaretama. A captação de água que abastece esta última sede municipal ocorre na entrada do rio Jaguaribe, no Açude Castanhão.

Por seu lado, a sede municipal de Icó é abastecida via Açude Lima Campos (Bacia do Salgado) que recebe transferência de água do Orós por meio do canal Orós - Lima Campos.


Já os municípios que são beneficiados com a perenização do açude Castanhão (Médio Jaguaribe) são: Jaguaribara, Alto Santo, São João do Jaguaribe, Tabuleiro do Norte, Limoeiro do Norte, Quixeré, Russas, Jaguaruana e Itaiçaba; e, ainda, Aracati, Palhano e Fortim, estes últimos com captação na barragem de Itaiçaba (canal de aproximação do Canal do Trabalhador).

Racionamento

Com a escassez de chuva nos últimos cinco anos e as constantes perdas de volume desses reservatórios, a água tem ficado cada vez mais racionada. Atualmente, o sistema do Jaguaribe é o principal canal de socorro para a Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), com transferência de 6,5m³/s exclusivamente para o Eixão das Águas. A restrição do aporte vem colocando em xeque a segurança hídrica das cidades ao longo do rio.

Até o ano passado, a água via rio Jaguaribe começou a ficar restrita, quando sua perenização, que se inicia na válvula dispersora do Açude Castanhão, seguia curso até a barragem de Itaiçaba. De lá, a água destinava-se às cidades de Aracati e Fortim via adutora. Em condições normais, o curso do rio vai ao encontro do mar, no estreito de Fortim.

Já a partir de fevereiro deste ano, o Comitê de Bacias decidiu, através de votação, que a água a ser liberada para o Jaguaribe deveria garantir o abastecimento humano das cidades de Russas e Quixeré, assegurando seu curso até a passagem na localidade de Sucurujuba.

Dos 160 km de manancial, 100 km estavam com sua perenização assegurada. A situação preocupou agricultores, moradores e gestores municipais, principalmente das cidades de Quixeré, Jaguaruana, Palhano e Itaiçaba, que deveriam ter sua demanda atendida com poços e carros-pipa. Os conflitos por água se iniciaram já no mês de julho, com protestos e rompimento de barramentos no curso d'água.

"Até depois do fim da quadra chuvosa deste ano, ainda passava pouca água no rio, mas depois ficou do jeito que está hoje, sem nada", conta a agricultora Maria do Carmo. Ela mora na localidade de Botica, em Quixeré. Em linha reta, sua casa fica distante aproximadamente 500 metros do leito do rio.

Maria do Carmo e o marido possuem uma pequena plantação de banana que, segundo ela, esta morrendo por falta d'água. O poço cavado por eles serve para alimentar os animais, mas não para consumo humano. Para atender à demanda das cerca de 100 famílias da localidade, um caminhão-pipa é levado até a comunidade e distribui, uma vez por semana, o que eles chamam de "três carradas d'água", o que seria equivalente a 30.000 litros. "Essa água não serve para beber, não é boa, ela é pra luta de casa. Já a de beber a gente tem que comprar, mas quem não tem bebe essa mesmo", relata a agricultora Lúcia da Costa, também moradora de Botica.

Distribuição

Para beber, ela conta que, uma vez por semana, a água é trazida de um dessalinizador em uma comunidade próxima. Há, ainda, uma caixa d'água, implantado pelo Sistema Integrado de Saneamento Rural (Sisar) com o intuito de distribuir água nas residências. Mas, com o rio seco, o sistema não funciona. Lúcia conta ainda que percorre um trajeto de 12km para ter acesso à água para beber.

Em uma reunião extraordinária ocorrida neste mês de agosto, os comitês do baixo e médio Jaguaribe decidiram que os 5,5m³ liberados do Castanhão ao Rio Jaguaribe deverão chegar pelo menos até a cidade de Jaguaruana, para atender à demanda das localidades rurais e restabelecer o abastecimento do centro deste município. No entanto, segundo os moradores de Botica, até o momento a água ainda não chegou por lá.

A situação dos moradores das zonas rurais frente à seca tem sido atendida por meio da política de carros-pipa, mas essa realidade também tem atingido os moradores da zona urbana. Só na sub-bacia do Médio Jaguaribe, onde esta localizado o açude Castanhão, a denominada Operação Carro-Pipa (OCP), que é realizada pela Coordenadoria Estadual de Defesa Civil (CEDEC) para as populações residentes nessas áreas, tem abastecido as cidades de Deputado Irapuan Pinheiro, Pereiro e Iracema. Ao todo, 25 carros-pipa são responsáveis por atender à demanda hídrica de 16.608 pessoas, apenas do centro urbano.

Segundo informações da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh), além destes três municípios, estão sendo priorizadas para ações de abastecimento emergencial no Estado as cidades de Apuiarés, Araripe, Boa Viagem, Catunda, Mulungu, Pedra Branca e Tamboril. Até o fim do ano, mais 25 cidades entraram nessa lista por risco de colapso no abastecimento de água.

Providências

Sobre as ações de abastecimento na região do Baixo Jaguaribe, a Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece) informou que, de 2012 até agora, foram implantados 61 novos poços para o atendimento dos sistemas de Aracati, Iracema, Jaguaruana, Serra do Félix, Russas, Jardim São José, Palhano, Itaiçaba, Ererê e Pereiro (locais onde a Cagece opera). Encontram-se em uso na região duas adutoras de engate rápido nas cidades de Russas e Potiretama.

A Companhia também alertou para a necessidade de escavação de novos poços em Jaguaruana e Iracema, ação a ser realizada pela Superintendência de Obras Hidráulicas (Sohidra). O sistema de Serra do Félix retomará o abastecimento através do Canal do Trabalhador, previsto pela Cagece para o início do próximo mês, quando a Cogerh realizará o fornecimento de água oriundo do Canal da Integração.

ENQUETE

Qual a situação dos ribeirinhos com o rio seco?

"A água que vem do pipa só dá para a luta de casa, não serve para beber, não é boa. Para consumir, só comprando numa comunidade perto e isso é muito ruim para quem tem pouco ou nenhum dinheiro"

Lúcia da Costa

Agricultora

"Quem tem plantação, esta arriscado perder tudo. Feijão, banana, capim, tudo morrendo. A gente vinha sentindo os efeitos já há algum tempo. Agora piorou. Quem pode ter um poço ainda salva alguma coisa"

Maria do Carmo


Agricultora

Mais informações:
Secretaria de Recursos Hídricos
Av. General Afonso Albuquerque Lima, S/N
Cambeba

Telefone: (85) 3101.4021



Diário do Nordeste
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